E o tal do livro eletrônico?

No final do mês passado li uma frase fora de contexto que me deixou revoltado. O @gordogeek fez o quote de Pedro Herz através da Frase da Semana do Thiago Doria.

“Quem não lê livro de papel, não vai passar a ler por causa do livro eletrônico”

Esta frase faz parte da entrevista que Pedro deu à Folha de São Paulo que você pode ler com seus próprios olhos. Realmente não acho que a frase esteja totalmente correta. Creio que boa parte do prazer da leitura esteja no formato. Algumas pessoas gostam de pocket books, outros livros no formato usual. Os migrantes digitais certamente abominam a leitura em telas com backlight, mas os mais novos, que já nasceram no computador vão certamente começar sua leitura através de algum leitor de livros eletrônicos.

Eu não sou um nativo digital, mas estou ali na zona limítrofe entre os dois. Eu não tenho o hábito de ler livros, porém na internet leio diariamente milhares de páginas com conteúdos diversos. Tenho um conceito na cabeça que livros são um formato ultrapassado. Após a leitura o livro se torna um problema físico. Por mais que existam sebos e bibliotecas, acho uma perda de espaço e tempo ter que lidar com o livro fisicamente.

Assim que o Kindle foi lançado me encantei com o dispositivo, mas suas limitações geográficas me decepcionaram. Inicialmente ele só poderia ser utilizado para compra de livros se você estivesse nos EUA. Hoje esta limitação já não existe mais. Aliás, se você tem um Kindle, pode ler o bernabauer.com através dele.

Em seguida veio um concorrente através da Barnes and Noble, que se chama nook, mas problemas com a sua entrega e também de performance voltaram a trazer a palavra decepção para os gadgets que me encantam. Sobre sua disponibilidade ao redor do mundo, pouco sei, mas o seu maior problema é performance mesmo. Ele é nada mais do que um Kindle com Android e algumas coisas a mais que talvez sejam melhores ou não.

Enfim a Apple apresenta sua nova plataforma de dispositivo móvel e que contém funcionalidades do Kindle e do nook. O iPad me encantou, porém ainda é cedo para me decepcionar, ele ainda está distante do seu lançamento, mas lá dentro está a funcionalidade de comprar livros eletrônicos. Minha vontade atualmente é ler finalmente os livros do Senhor dos Anéis no iPad. Só dá para esperar.

Eu vejo livros eletrônicos com ótimos olhos, apesar de minha miopia. Eu não curto comprar livros, acho que após consumir seu conteúdo, eles se tornam um problema. Onde guardar? Sem falar que boa parte dos livros acaba gerando uma decepção entre o que se paga e a qualidade da capa de das folhas. Nunca fui satisfeito e parece que sempre pagamos mais do que o livro realmente vale, apesar do seu conteúdo.

O livro eletrônico é uma ótima sacada, acaba com o problema do papel e assim como o próprio Pedro Herz comenta em sua entrevista, é prático carregar vários livros em formato digital ao invés de carregar quilos de papel. Eu não compro livros por que quero pagar o preço justo pelo seu conteúdo e não pela sua forma. O livro eletrônico me parece ser mais justo para os autores também, já que um grande custo é retirado da planilha de custo de um livro.

Porém o melhor da história do livro eletrônico é a aplicação do conceito da App Store aos livros. Ainda não está muito claro como será, mas a ibookstore é um acordo entre a Apple e as editoras, porém acho que será possível que um cidadão qualquer publique seu conteúdo por lá. Na App Store é assim, não vejo por que não abrir para qualquer um usar esta plataforma vencedora para distribuição de conteúdo. Ali pagasse literalmente pelo conteúdo e algum pela plaraforma/formato, mas mais pelo conteúdo.

Eu tinha esperanças que 2009 fosse o ano do livro eletrônico, porém deve ser este ano que o bicho realmente vai pegar. A Apple está funcionando como um catalisador e criando um novo nicho, já que livros do Kindle só podem ser usados no Kindle e os da Apple certamente só poderão ser lidos nos dispositivos da Apple, porém não tenho confirmação dos dois fatos. Talvez o maior problema dos leitores eletrônicos é que acharam que o formato para este tipo de dispositivo deveria ser sempre com a tela de e-ink, e como só existe um fabricante deste tipo de tela a coisa não vai lá muito bem, sem falar que a tecnologia evoluiu muito pouco desde que surgiu. O que todos querem é a versão colorida.

Voltando à entrevista: ela até que tem informações legais, mas fecha com um tema realmente ruim e que não tem nada a ver com livros ou negócio, certemente dispensável.


Publicado

em

por

Comentários

2 respostas para “E o tal do livro eletrônico?”

  1. Avatar de Renato

    Acredito que novos formatos sempre atraem novos leitores; um detalhe, é possível ler livros do Kindle no iPad, pena que o mesmo não tem e-Ink; quanto ao Senhor dos Anéis, seria muito bacana tê-lo no iPad por causa dos mapas, ilustrações, etc; mas será que custará menos que em papel? atualmente cada um dos livros custa R$9,90 no Submarino.

  2. Avatar de RAIMUNDO

    é muito legal

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *