Apple Watch: Opiniões

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É muito difícil fazer a avaliação de um dispositivo ou serviço sem experimentá-lo. O Apple Watch foi apenas demonstrado e alguns poucos que tiveram a sorte de participar do evento conseguiram experimentar um pouco o seu uso. Depois de ler vários artigos a respeito dos diversos aspectos, produzo uma compilação opinativa sobre o relógio da Apple.

Pra começar a Apple deixou claro que vem trabalhando à 3 anos na novidade. Neste meio tempo, baseado em rumores e tendências de mercado a concorrência se antecipou lançando seus próprios relógios. Os principais são da LG, Samsung e Motorola (leia-se: Google). Existe ainda um sem numero de outros concorrentes e o mais antigo dele é o Pebble, que existe há mais tempo do que qualquer outro relógio existente.

Isto quer dizer que a Apple se debruçou sobre vários aspectos para criar um produto que durará por muito tempo. Digo duração no sentido que ele vai existir como plataforma de maneira robusta, sem rupturas e mudanças por conta da sua evolução necessária. Dificilmente a Apple lança algo que é incompatível com a versão anterior. Já a Samsung, no lançamento de novas gerações de seus produtos, costuma esquecer o passado facilmente, logo, você que tem o produto da geração anterior, fica a ver navios e sem suporte.

A Apple dedicou tempo para lançar um produto que possa ser utilizado, ou como costumam dizer, para oferecer uma experiência de uso. Já a concorrência, oferece apenas tecnologia.

No caso do Apple Watch, a primeira geração vem com alguns sensores, um SDK para interagir com apps e sensores do iPhone, afinal, é necessário ter um iPhone para usar o Apple Watch. Seu lançamento segue estratégia similar ao que foi feito com alguns produtos realmente novos como o iPhone e iPad que foram primeiro anunciados, para apenas meses mais tarde, serem colocados à venda.

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Qual o motivo para este hiato entre anuncio e inicio das vendas? Apps. Hoje não existem apps para o Apple Watch. O que existe foi feito pela Apple ou por parceiros muito próximos a Apple, mas nenhum outro desenvolvedor teve a oportunidade de fazer um app que tira proveito da nova plataforma. Quando o relógio começar a ser vendido, desenvolvedores devem ter tido mais ou menos cinco ou seis meses para criar seus novos apps e maneiras de aproveitar o Apple Watch.

Nome

Um dos aspectos interessantes a respeito do Apple Watch é o seu nome. A Apple abandona o famigerado “i” na frente de seus produtos que existe desde 1998, quando foi lançado o iMac. A mudança do “i” para Apple é simples de entender. Nomear seus produtos com Apple Alguma-Coisa ao invés de iAlguma-Coisa é mais barato. Sim, barato. Lembra das disputas sobre o nome iPhone que a Apple enfrentou nos EUA e até mesmo aqui no Brasil?

Podem existir coisas no mercado que já tem o nome iAlguma-Coisa, mas não existe nada com o nome Apple Alguma-Coisa. Isto quer dizer que a chance de algum processo por disputa de nome existir no futuro é zero. Logo, menos custo de processo judiciais e afins. Mais do que isto. Apple é uma marca forte e associar seu produto a marca já existente é um potencializador para maior consumo de produtos feitos no pomar.

Talvez o primeiro produto a ter mudado os rumos de nomes foi o Apple TV, mas ele nunca chamou a atenção por mudar o mercado. Ele é um hobby para a Apple que deve transformar o jeito de consumir TV no futuro.

Preço

O Apple Watch é caro. O modelo mais barato custará 350 dólares. Isto é o dobro do preço que concorrentes cobram no pior caso e mais de 100 dólares a mais do que o seu concorrente mais direto e feroz, o Moto 360.

Dimensões

Não existem dados técnicos a respeito do Apple Watch oficialmente divulgados. Sabe-se que ele terá bateria, um sistema novo que cabe num chip de silício e as dimensões de tela dos dois tamanhos que estarão disponíveis. Grande e Pequeno. Acabou por ai.

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Acontece que a dimensão mais importante não foi revelada. Sua espessura. Relógio grosso não é algo agradável de se usar. Um trambolho no braço é algo desagradável e atrapalha. A impressão que tive é que ele muito grosso. Algo em torno de 1 centímetro. Depois de vasculhar muito, encontrei relatos de pessoas que foram à apresentação na California, que sua dimensão é de 10 mm e contando com os sensores na parte de trás, esta espessura aumenta para 12 mm.

Achei isto muito, então resolvi buscar informações a respeito do Moto 360, que me parece muito elegante e fino, contudo, sua espessura também na casa dos 11 mm. Então, está na média.

Bateria

Nada foi dito sobre a bateria que seja relevante para uma recomendação do produto ou não. Apenas duas informações foram reveladas. O método de carregar que mescla indução com uso de ímas para posicionar o conector na parte de trás do relógio e que ele deverá ser carregado diariamente durante a noite.

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Isto quer dizer que o tempo de bateria deve ser algo em torno de 12 à 15 horas de uso intenso. Talvez, com menos utilização, ele dure mais de um dia, mas o fato de estar carregado de sensores e ter comunicação obrigatória com o iPhone através de Bluetooth LE (estou assumindo) contribuirá no alto consumo da bateria.

Sensores

Os rumores pré-lançamento afirmavam que pelo menos 10 sensores diferentes poderiam equipar o relógio do pomar, mas no seu anuncio, apenas um sensor foi apresentado. Um sensor de batimentos cardíacos. Os demais sensores estão presentes no iPhone e é de lá que ele busca informações para te apresentar e popular os apps de fitness que ele oferece de forma nativa.

Por mais que acelerômetro também seja um sensor, nem o considero, pois ele faz parte do núcleo básico do relógio e é usado para ligar a tela, por exemplo.

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É altamente provável que na segunda geração mais sensores passem a habitar o pequeno espaço que o relógio tem no seu interior, mas a verdade é que 10 é um número irreal. Eu nem consigo imaginar quais outros sensores ele pode ter no futuro.

Apple Pay

Se o relógio até agora foi visto apenas como uma tela ainda menor para o usuário se relacionar com informações da internet que chegam através do Smartphone, a Apple consegui dar um novo uso ao relógio: Pagamentos.

Apple Pay (iPay é um nome no mínimo curioso se fosse adotado e poderia gerar confusão com quem não conhece o iAlguma-Coisa e só faz sentido pra quem fala inglês) é o sistema de pagamentos que a Apple fez em parceria com bancos e empresas de cartão de crédito. Ele funciona pra quem não tem o Apple Watch também, mas é preciso ter um iPhone 6. 

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O mercado norte americano tem uma peculiaridade única que pode fazer o iPhone 6 e o Apple Watch se tornarem um sucesso imediato. Pra começar as noticias de roubos de informações de cartão de crédito de empresas do comércio tradicional na terra do tio sam só aumentam. Outra informação importante é que os EUA ainda não adotaram o uso de cartões de crédito com chip. O resto to planeta adotou, mas os EUA não. Isto torna o mercado de crédito bastante vulnerável por usar uma tecnologia bastante ultrapassada.

Ao invés de investir na mudança de toda a infra-estrutura para usar cartões com chip, o mercado vai pular direto para uso de terminais com NFC, que há algum tempo começam a ganhar espaço. Num dos artigos que li a respeito do uso do NFC, descobri que nos EUA existem menos de 250 mil terminais prontos para NFC, já no Brasil, existem mais de 1,3 milhão de terminais.

Recomendação

Entrei para o mundo da maçã em 2006 algum tempo depois da Apple anunciar que abandonaria os processadores PowerPC e passaria a usar Intel. De lá pra cá aprendi algumas lições valiosas. Uma delas: Jamais compre a primeira geração de qualquer que seja o hardware que a Apple faz. Veja a mudança da primeira geração do iPhone para a segunda. Lembra do primeiro iPad? Quem lembra dos problemas de aquecimento dos primeiros MacBooks com Intel? E o Apple TV? 

No caso do Apple Watch, quero acreditar que vai ser diferente, mas é bom ter um pé atrás. Mais do que a primeira geração de um novo equipamento, é uma nova categoria de dispositivo. Existe muito a evoluir e não tenho dúvida que no período de 12 à 18 meses uma nova geração será anunciada com mais sensores e melhor tempo de bateria. Ou seja, isto deve ocorrer entre janeiro ou julho de 2016.

Hoje o Apple Watch é uma novidade que a Apple faz questão de dizer que é algo que você precisa, mas você realmente precisa? Para brasileiros, não vejo a necessidade de você ter um relógio inteligente da Apple ainda. O prudente é esperar a segunda geração. Siri ainda não fala português, o sistema de pagamento ainda não está liberado para bancos e operadoras de créditos brasileiras e por mais que existam inúmeros POS (maquinas de pagamento por cartão) com a tecnologia NFC, não acredito que antes de 2016 o sistema seja liberado pra gente.

Indo além. A Apple se quer anunciou o iPhone 6 para o Brasil, ainda que a previsão seja que ele comece a ser comercializado antes do fim do ano por aqui, no caso do relógio, o mercado inicial deve ser EUA e Europa. Para vir para o Brasil, seu custo será alto, algo perto dos mil reais. Comprar la fora será a melhor opção, mas a assistência técnica? Se der defeito, o que fazer?

Por mais que seja interessante, hoje o Apple Watch ainda não é indispensável. Talvez, quando hotéis o adotem em massa para abertura de portas dos quartos ou sistemas de automação residenciais o utilizem para alguma coisa, ou quem sabe carros façam algo interessante com o NFC do relógio, ele se torne algo realmente prático e importante para você ter. Neste momento, é melhor esperar.

Eu estou louco para ter um Apple Watch, mas resistirei bravamente para esperar a segunda geração. É o mais racional a fazer… ai, ai… 😉


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