Quando coloquei minhas mãos num equipamento com GPS e software para traçar rotas no Brasil, pensei que seria fácil fazer um artigo a respeito, mas não é bem assim. Eu não poderia fazer um artigo avaliando o hardware, por que este não seria o foco correto para o artigo. Avaliar o software que traça as rotas seria mais perto do desejado, porém não seria completo. Foi quando eu tive a visão de avaliar a solução de GPS como um todo para ser usado no carro.
O hardware em questão é o Travel Companion da HP. Ele não é um smartphone. É apenas um PDA com GPS embutido. Junto com o hardware veio um software com mapas para o Brasil.
Aliás, preciso confessar que me senti extremamente não-jovem ao receber o equipamento. Não tive aquele desejo desenfreado para abrir a caixa e vasculhar todos os penduricalhos que vem com o Travel Companion. Resisti bem alguns minutos até abrir a caixa. Só que a coisa é bem pior do que a falta de paixão. Sofri uns 10 minutos, para não dizer um número muito maior, para descobrir como o GPS é ativado. Descobri depois de muitas tentativas e a duas vasculhadas no manual que era preciso instalar um programa (o de mapas) para que o GPS fosse ativado. O programa faz o papel de ativar, você não liga e desliga manualmente.
Depois de instalar, sincronizar com o PC e garantir que tinha carga suficiente para brincar, saí do prédio e fui dar uma volta e pescar o sinal do GPS. Assim que o equipamento viu a lindo e escaldante sol, ele acusou ter fisgado 8 satélites. Andei alguns metros e ele já mostrava que eu me deslocava a impressionantes 3 km/h. A localização no mapa também foi ótima, mas como o software é voltado mais para ser usado para deslocamento através de ruas, o sistema de localização em a tendência a te colocar na rua mais próxima.
Feliz com o funcionamento do GPS e do programa de mapa, resolvi testá-lo no carro. Entrei na charanga e afixei o acessório no parabrisa que faz com que o Travel Companion fique visível e acessível enquanto dirigia. Após definir o destino para o qual eu me dirigia o sistema logo tratou de me avisar que ele estava a calcular a rota. Aí ao lado está a foto do suporte que vem com o Travel Companion. Ele é quase ótimo. Faltou apenas um tipo de ajuste que ele não tem. Pode-se ajustar a inclinação vertical e também para que lado ele está apontando, porém não é possível girar o dito. É uma pena.
Com uma voz masculina e bastante determinada o programa já tratou de me dar a primeira ordem: “em 500m, vire a esquerda!”. Não pense que a voz do dito era metalizada ou robotizada feita de vários pedaços cortados e juntados. Parece realmente que é um co-piloto te dando as dicas do caminho.
Ao determinar o destino para o qual você quer ir, existem duas opções. Caminho mais curto ou caminho mais rápido. Eu nem lembro o que escolhi, apenas fui aceitando as opções padrão. O trajeto que fiz, foi o que eu faço duas vezes por dia. Trabalho-casa. Existem algumas opções para o caminho e logo ao sair do trabalho o Travel Companion e seu fiel Programinha me mandaram seguir por uma rua de quebra-molas que eu não gosto, por isso desobedeci a sua ordem de seguir a esquerda e me mandei pela rua da direita. Apenas alguns metros para dentro da rua e já estava o dito a me avisar que a rota estava sendo recalculada. E recalculou muito bem.
Aliás, esqueci de comentar. Logo ao sair do trabalho existe um pardal de 40 km/h, e naturalmente, como bom carioca, eu não estava trafegado a 40 km/h e o raio do programeco me avisou que eu estava acima da velocidade máxima para aquela via. Assim que diminui para os 40 por hora ele parou de me perturbar. O chato é que até chegar a linha amarela eu fui obrigado a escutar a voz do cara dizendo que eu estava acima do limite de velocidade.
Isto quer dizer duas coisas. Ou a base de dados do mapa estava desatualizada com as velocidades máximas, ou eu corro o sério risco de ter várias multas por excesso de velocidade. Na linha amarela, experimentei andar abaixo e acima do limite. O GPS apenas me perturbou quando eu estava a 140 por hora.
Agora você deve estar se perguntando sobre a precisão da rota. Houve apenas um erro. Eu moro na ilha do governador, no rio de janeiro. O programa me mandou pegar o viaduto que dá acesso ao aeroporto e me jogar lá de cima para voltar a pegar a estrada do galeão. Se eu não soubesse o caminho para minha própria casa eu estaria quase perdido. Pode ser que o GPS estivesse incorporando seu mentor-mor, o HAL 9000, e tentou me matar, mas ele sabe melhor do que isto. Afinal se eu fosse morto, não teria ninguém para recarregar sua bateria.
Tirando este pequeno problema de rota, o GPS fez o caminho que faço para chegar em casa.
No caminho inverso, ou seja, casa-trabalho, o GPS pregou mais uma peça. Para sair da Linha Vermelha, que ele insiste em chamar de “Vermelha Lane”, e pegar a Linha Amarela, a recomendação era fazer um rapel básico e escalar o viaduto que passa por cima da linha vermelha ao invés de pegar a rampa de acesso que existe.
Algumas lições que aprendi após usar o GPS com mapas e rotas foram:
A tela com LCD iluminada à noite atrapalha MUITO!
Mesmo usando o modo noturno que o programa tem, o brilho da tela chama muito a atenção e atrapalha a visão dos retrovisores, já que os olhos acabam focando no que é mais claro. O problema se agrava quando você usa o aparelho em diferentes momentos do dia. Assim que cheguei em casa à noite, tratei de procurar a configuração de brilho e coloquei-a no mínimo. Quando fui usar o GPS de dia, naturalmente tive dificuldade de ver o que dizia a tela. Por isso, se você for optar por um GPS veja se ele tem sensor de luminosidade automático. Isso é o ideal, se não tiver, o melhor é ter um controle externo de brilho.
A posição onde você prende o GPS influencia na sua utilização.
Eu imaginei que prendê-lo na parte superior do parabrisa seria mais prático e chamaria menos atenção, mas estava enganado. Prendi ele na região onde ficaria o para-sol do carona, mas realmente não é bom para olhar quando você está dirigindo. Não é o caso da foto ai ao lado. Esta foi a última posição que experimentei e uma das duas preferidas.
Para um destro, esta posição é ótima, pois é fácil de se mexer no aparelho com o carro parado ou até mesmo com o carro em movimento. Para um canhoto notei que a melhor posição é no lado esquerdo do retrovisor, entre a coluna A e o painel. O problema é que no meu caso, eu não sou canhoto e ali já está o display do sensor de estacionamento.
Nesta posição, para mim uma das melhores, por que não chama a atenção do lado de fora como a posição central abaixo do retrovisor. No cantinho é bem discreto e a ventosa não chama tanto a atenção. Aliás, a ventosa do lado de fora do carro é muito feia.
Abaixo está a foto que mostra na posição perfeita para canhotos.
Os comandos de voz são uma ótima ajuda
O departamento responsável por ditar as regras de trânsito no Brasil estava totalmente certo ao proibir GPS com telas para o Brasil. A tela só pode ficar visivel se o carro estiver abaixo de uma certa velocidade para garantir segurança a todos nas ruas. Os comandos de voz são claros e suficientes para te guiar pelas ruas.
Considerações finais
Apesar de ter gostado bastante da experiência, não me vi motivado a comprar um equipamento que tenha o único papel de me ajudar a dirigir por caminhos desconhecidos. Eu não costumo ir a lugares que não conheço e sua utilização não justifica os 1600 reais do produto.
Mesmo sem usar o sistema de calculo de rotas, o GPS mostra sua velocidade corrente, que no meu caso mostrava sempre 5km/h a menos que o velocímetro e ele avisava que eu estava acima do limite de velocidade. Uma pena que ele não mostra a velocidade máxima para o trecho e apenas fica perturbando o juízo dizendo que está acima do limite.
A solução que mais me agrada é um celular com GPS e munido de software para mapas e rotas. Assim poderia usá-lo sem problemas quando eu precisar, sem me ver obrigado a carregar mais um equipamento. O celular para mim será um PDA, GPS, Camera Digital e ainda um ótimo dispositivo VoIP, afinal, quem faz ligação telefônica, são apenas os que vivem no milênio passado! 😉
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