SmartWatches: Relógios inteligentes (ainda nem tanto…)

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Analistas falavam no final do ano passado que 2014 seria o ano dos relógios inteligentes. Relógios inteligentes são passam de computadores de pulso. São consideravelmente menos poderosos que os celulares inteligentes por conta de ter menos espaço para bateria, logo são capazes de fazer muito menos.

Relógios inteligentes não são novidade. Já existem no mercado faz algum tempo, mas como tudo na vida tecnológica, precisam de tecnologia avançada que ao surgir custa caro. Nos últimos dois anos, os custos destas tecnologias caíram bastante e elas também avançaram para fazer com que a bateria dure algumas dezenas de horas ao invés de apenas algumas horas.

A maioria das empresas coreanas e japonesas estão se empenhando em chegar primeiro ao mercado para garantir sua presença, contudo, neste mercado de dispositivos inteligentes, não é o primeiro que ganha o consumidor, mas sim o mais capaz e prático.

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A Samsung, por exemplo, já tem a segunda geração de relógio inteligente no mercado que é formada por 3 modelos distintos. A Pebble (foto abaixo) tem também sua segunda geração disponível para compra e dois modelos. LG, Sony (foto acima), Google são algumas empresas notórias e globais que tem produtos lançados ou à lançar. Existem ainda uma dezena de outras empresas desconhecidas que também estão lançando seus produtos no mercado. Veja alguns links no final deste artigo.

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A Samsung utilizava o Android como sistema operacional de seu relógio inteligente e mudou na segunda geração para um sistema próprio. A Pebble também tem sistema próprio e na minha opinião tem o produto mais avançado e avançado do mercado. Eles conseguiram criar um ecosistema onde desenvolvedores podem criar apps para o seu relógio e cada usuário tirar o melhor proveito do dispositivo. 

Eu li no ano passado que a probabilidade de uma empresa dominar o mercado de smartwatches é baixa, pois são dispositivos ainda mais pessoais que celulares. O mesmo não pode ser dito em relação a celulares e tablets. O segundo é dominado pela Apple, já o primeiro está dividido entre Samsung e Apple, sendo que a empresa coreana tem o maior numero de dispositivos e Apple o maior e lucrativo mercado de apps. 

Pequeno parênteses: A Samsung ganha dinheiro vendendo apenas aparelhos, já a Apple ganha dinheiro com aparelhos e apps, logo você pode perceber que existe uma diferença gritante entre as duas empresas e consequentemente a maneira a qual as duas exploram o mercado.

Smartwatches serão de nicho e uma empresa só se destacará se criar algo indispensável e que mude completamente algo que já existe hoje. Tenho refletido a respeito do que faria um destes dispositivos fundamental para mim e pensei em alguns casos interessantes.

Pagamentos de baixo valor

Dinheiro hoje em dia é plástico o tempo todo e dependente de comunicação em tempo real com a empresa que autoriza pagamentos. Cartão de crédito sem internet não serve pra nada. Já escutei diversas histórias de taxistas que não tem mais a maquininha do cartão por que a área de cobertura das empresas de celulares é falha. O mesmo acontece com o tíquete de alimentação, que agora funciona da mesma maneira que o cartão de crédito.

Então, imagine, se você tivesse um dispositivo que tivesse créditos carregados assim como uma carteira. Você aproxima ele de um aparelho para realizar o pagamento, ele identifica a quantidade e a origem do débito, você valida através do display do que poderia ser o relógio inteligente, confirma através de reconhecimento biométrico ou senha apropriada e o pagamento é feito. 

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Neste caso poderia se utilizar Bluetooth LE, TouchID (leitor biométrico da Apple) e até mesmo RFID para fazer toda a transação. Adeus cartão de alimentação, adeus cartão de transporte de massa que existem em diversas cidades e adeus cartão de débito. O passbook também entra nesta história por conta da sua capacidade de computação contextual, apresentando as informações relevante no momento que são necessárias.

Como a transferência de importância é feita através apenas dos dois dispositivos envolvidos, não é necessária conexão à internet. Se ela estiver disponível, pode realizar a transferência dos valores do dispositivo para a conta no banco, reduzindo as perdas de dinheiro no caso de perda dos dispositivo ou do roubo do mesmo. O mesmo pode acontecer com a recarga do relógio com dinheiro. Sempre que ocorrer diminuição de créditos no relógio por conta de um pagamento o “download” de dinheiro para o relógio pode ser feita de maneira automática assim que tiver acesso à internet, seja a partir dele mesmo (WIFI) ou através de rede celular (através de bluetooth).

Para isto funcionar, seria necessário a criação de um novo serviço e protocolo de comunicação de pagamentos de baixo valor com limite de gastos que fosse universal e adotado por diversas empresas e que tornaria um relógio realmente prático.

Claro que isto tudo poderia ser feito com um smartphone também, mas com o relógio seria mais ágil, pois não requer que você busque o aparelho, já que ele está preso ao seu braço. 

Pagamentos seriam revolucionados e sucesso de um smartwatch está garantido.

Identificação Civil e Particular

Você embarca no avião e precisa mostrar sua carteira de identificação civil, chega ao trabalho e precisa validar sua entrada através de um crachá, visita um prédio e precisa informar quem você é e assim por diante. E se o seu relógio fosse seu documento?

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Você poderia fazer isto tudo com o seu relógio inteligente. Dentro do seu relógio estaria sua identificação com certificado digital, foto, CPF, número de identidade, carteira de motorista, passaporte e também suas credenciais para entrar na empresa onde você reclama do seu chefe ou companheiro de trabalho, mas que paga suas contas.

Assim como nos pagamentos móveis, seria necessário criar um serviço de identificação que aceitasse isto em diferentes plataformas, mas o relógio seria o mais prático dispositivo para tal. Também como no caso anterior, biometria seria necessário para liberar a informação, dependendo da ação a ser realizada. Também o smartphone seria capaz de fazer a mesma coisa, mas o relógio, por estar preso ao braço o faria com maestria, sendo o smartphone um “backup” no caso de falha de bateria.

Desbloqueio de outros dispositivos e sites

Existem algumas empresas que já fazem programas que permitem que você desbloqueie o seu computador sem você digitar senha pelo teclado. Basta aproximar o celular que você configurou anteriormente para que ele permita o acesso ao computador. Com um relógio você tem mais segurança, novamente, ele está preso ao braço e biometria!

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Indo além, se houve comunicação através de bluetooth LE, por exemplo, você poderia por exemplo validar seu acesso a um site. Neste caso você tem autenticação de mais um nível disponível, onde além da validação através do certificado no seu relógio, você precisa validar através de senha ou biometria para liberar o acesso a um site, dispositivo ou validação de acesso físico a prédios, salas e afins.

Vale o mesmo dos casos anteriores. Tudo pode ser feito com o smartphone, mas o relógio é muito mais prático. Você não precisa buscar o aparelho no bolso, destravar e validar nada através do app necessário. Já está no relógio, como popup esperando a liberação ou negação.

Imagine abrir a porta do seu carro apenas por que tem a chave no seu relógio? Você não precisa mais carregar a chave do carro. Ele libera o acesso apenas com o seu relógio tendo seu certificado instalado e autorizado para abrir o carro. Hoje isto já funciona assim em carros que tem chave inteligente, onde você pressiona um botão para ligar o carro.

Futuro

Relógios inteligentes como dispositivos independentes não terão sucesso. Eles funcionarão dentro de um serviço maior e possivelmente ligados sempre a um celular. As primeiras incursões no assunto mostram que as empresas estão fazendo soluções proprietárias, mas o sucesso ocorrerá se houve um padrão único aceito entre fabricantes para apps e serviços.

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Este ano pode ser o ano dos smartwatches, mas o seu sucesso não dependerá apenas dele. Não espere nada revolucionário por si só. É legal ter um medidor de passos no relógio, medidor de qualidade de sono, sensor de batimentos cardíacos, mas cá entre nós, nossa vida não melhora nem se torna mais prática coletando estes dados.

De imediato, a empresa que fizer um relógio capaz de interagir com uma agenda de reuniões e permitir comunicação de notificações e comunicação entre pessoas de maneira ainda mais sucinta que o Twitter terá um grande produto nas mãos. Para o longo prazo sucesso é criar uma plataforma e ecosistema capaz de permitir que as empresas ofereçam serviços ainda mais práticos que hoje os smartphones oferecem.

Se você estiver com vontade de ter um relógio destes que estão sendo lançados agora, fica um aviso. Corre o risco de você comprar um modelo que estará ultrapassado e que será inútil em menos de um ano com lançamento de uma nova geração. A tecnologia está avançando e pode mudar da noite pro dia. Realmente não recomendo a compra, a menos que você não se importe em gastar entre 200 e 300 dólares num dispositivo que tem tempo de vida curto.

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